Revista Paisagens Econômicas V.01, N.01
A Revista Paisagens Econômicas busca provocar inflexões a temas caros à economia política e à teoria antropológica – produção, trabalho, circulação, troca, consumo, valor – a partir de um olhar atento aos modos como as pessoas produzem, fazem circular, estabelecem relações e articulam-se com seres dos mais diversos para formar paisagens múltiplas; como quantificam e qualificam o tempo e as coisas do mundo para estabelecer equivalências improváveis e sempre mutantes; como imaginam, planejam e constroem expectativas de futuros. Esta edição de abertura deste periódico traz o editorial “Insurreições narrativas na economia” de Catarina Morawska e Vanessa Perin, o texto “Minha Vida Todinha Foi no Meio dos Panos: Mulheres, Dinheiros e Negócios na Zona da Mata Pernambucana” de Lucas Calu Melo, e, por fim, os textos “Arrodeio”, de Maíra Vale e Ana Cecília Campos, e “A escrita na frequência da vida”, de Jacqueline Ferraz de Lima.
Cartilha – Endividamento em Comunidades periféricas e rurais
Resultado de um workshop realizado em abril de 2023 em Peixinhos, Olinda-PE. Unimos forças com a Queen Mary University of London (QMUL), UFSCar, imuê, GCASC, e Coletivo Mulheres Periféricas e LGBTQIAPN+ na escuta dos movimentos de base e das comunidades periféricas sobre suas experiências cotidianas com endividamento. Juntos, demos início a uma consulta para um projeto de pesquisa mais amplo sobre a financeirização das agendas de desenvolvimento e bem-estar social no Brasil. Com 30 participantes representando movimentos sociais e grupos de base da Região Metropolitana do Recife, esse foi um momento de troca e colaboração essencial!
ninguém fica no silêncio – Rose Miranda
essa é a história de Rose, uma moleca mulher que se quebra, cola e começa tudo de novo. condicionada pela moralidade tradicional de uma época e pelos encantos sutis de um amor idealizado, conheceu os dissabores das realidades cruas da vida ao viver um casamento marcado pela submissão e infidelidade. as escrevivências de Rose Miranda traçam momentos cruciais de sua biografia, trazendo aquilo que a marca desde os 18 anos, e contam como foi vencendo suas demandas, com o auxílio de Deus e dos Orixás.
memórias de uma menina da ladeira – Lucineide Souza
o livro reúne memórias da infância da narradora-personagem que vão se cruzando com acontecimentos do tempo presente em que se conta. a leitura nos apresenta uma menina mulher que anseia sempre preservar a identidade do seu lugar de origem, ponto de partida que lhe dá direção para continuar a caminhar: a Ladeira do Milagre de Santa Bárbara, localizada em São Félix, no Recôncavo da Bahia. esse é o território onde se passa a história, um espaço marcado pela herança ancestral afro-brasileira e pela religiosidade, onde também convivem, sem conflitar, pessoas católicas, romeiros, candomblecistas, devotos – todos em torno da água milagrosa da Santa, que brota sem parar por detrás das pedras da gruta desde 1971. ali, alguns com suas Iansãs, outros com suas Barbinhas, adoram, cantam, sambam e prestam suas reverências.
casamendoeira – Deisiane Barbosa
uma casa arborizando, à beira da ruína, assopra suas memórias. contando a própria história, desenha o lugar onde está plantada e a família que o refloresta. a mulher que escreve, corpoeta que materializa o texto, registra andanças do velho, cultivos da velha e de outras antigas, cantadas pelo fôlego de uma mata, seus resquícios e prenúncios.
foi um prazer estar em sua companhia – Clara Amorim Duca
Duca traça o histórico da companhia de dança fundada por ela, em Cachoeira, no Recôncavo da Bahia, nos anos 2000, formada por crianças, adolescentes e jovens, movidos pelo desejo de expressar sonhos através do corpo. para contar a história da CIA DUANA’S DE RITMO, recorre não somente às suas memórias de professora, produtora cultural e artista da dança, como retoma uma rede de contatos com pessoas, hoje adultas, fortemente marcadas pelas experiências compartilhadas neste grupo-família. trata-se da construção coletiva em torno da memória de uma companhia-tempo que atravessa vidas e compõe gente, com acolhimento, divergências e criatividade.
no samba do pé e da palma delas – Any Manuela Freitas
Maria Tereza, Vicência Ribeiro, Dalva Damiana e Ana Olga contam histórias do Samba de Roda, em Cachoeira, pelas palavras de sua descendente, Any Manuela Freitas. diferentes momentos históricos ao longo de pelo menos 150 anos são narrados através das memórias e vivências de Dona Dalva Damiana de Freitas, sambadeira, cantora, compositora, membra da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, ativista cultural. entremeado por cantigas, rezas e receitas, ao traçar a trajetória de uma linhagem familiar de mulheres pretas, o livro mostra como elas tiveram um papel de ensinamento e aprendizado fundamentais em um longo processo de salvaguarda do Samba de Roda do Recôncavo da Bahia.
Juventude viva sempre! A luta das Mães da Saudade
A história contada no livro perpassa as raízes do projeto “Mães da Saudade: Laços e destinos que foram exterminados” e seus quase dez anos de existência. Com o objetivo de contribuir para a construção de uma cultura de paz e a redução da violência urbana em Peixinhos, Olinda - PE, essa publicação fala da importância de caminhar junto com as mães atingidas pelas mortes de seus filhos e grafar suas histórias, suas estratégias de luta e sua pulsão para transformação. Com autoria do Grupo Comunidade Assumindo suas Crianças (GCASC) de Peixinhos, Olinda - PE, e financiamento da terre des hommes schweiz (tdh schweiz), a publicação é resultado da parceria entre o GCASC e a tdh schweiz com o imuê - Instituto Mulheres e Economia, e contou ainda com o apoio da @andarilha edições e da @Editora Ser Poeta.
Cartilha Acorda Povo GCASC
"É com muita satisfação e dedicação ao grande evento que o GCASC promove há 36 anos, ACORDA POVO por uma cultura de paz, contra o genocídio da juventude Negra que lançamos a cartilha que conta e encanta essa linda história de resistência e preservação da cultura popular de raiz. Salve, Salve São João, São Pedro e Santo Antônio".AnjinhaSalve! Salve, Anjinha! Acesse aqui a cartilha do ACORDA POVO do nosso parceiro Grupo Comunidade Assumindo suas Crianças (GCASC).
Dossiê “Conversas com Audre Lorde”
O dossiê "Conversas com Audre Lorde" se propõe a colocar em diálogo o pensamento da autora, especialmente no texto “Os usos da raiva: as mulheres reagem ao racismo” (Lorde, 2019 [1984]), com reflexões e experiências de jovens graduandas. Organizado pelas pesquisadoras do imuê Ana Cecília Oliveira Campos e Adla Viana, foi publicado pela Revista Florestan, periódico da graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Caderno 5 – Políticas da Pandemia
Políticas da Pandemia apresenta uma série de narrativas que refletem como as pessoas têm sido atravessadas pelo isolamento social e espalhamento da Covid-19. São narrativas tecidas na diversidade de mundos, de outras linguagens, corpos e formas. O quinto caderno, "E antes? E nas entrelinhas? E os outros? Pandemia, nuances e redes por diferença", é assinado por Natália Maria.
As ciências sociais no respirador
“Como disse recentemente Mestre Genivaldo Basílio, do grupo Boi Mandingueiro da Mata do Ronca, um dos altos que fazem divisa entre Recife e Olinda: “somos nós do movimento popular que sempre temos que consertar os problemas causados pelo sistema”. O Boi Mandingueiro é um dos sete grupos comunitários que fazem parte da Rede Orgânica Periférica de Olinda, criada em março deste ano na urgência da fome e do contágio da Covid-19, que crescem exponencialmente. Sete grupos atuantes em doze comunidades com cerca de cem mil habitantes, em sua grande maioria trabalhadores informais que têm tido dificuldade em receber o auxílio emergencial anunciado pelo governo e, portanto, em seguir as medidas de isolamento social.” (trecho do texto “As ciências sociais no respirador: o que a Rede Orgânica Periférica de Olinda pode ensinar ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)” de Catarina Morawska (UFSCar/ imuê).
tatiana nascimento
tatiana nascimento, 39, é brasiliense y palavreira: cantora, compositora, escritora, tradutora. editora de livros artesanais na padê editorial (que publica autoras negras y/ou LBTQI+). doutora em estudos da tradução. aquariana. sapatona convicta, lésbica afro-futurista.
Caderno 1 – Políticas da Pandemia
Políticas da Pandemia apresenta uma série de narrativas que refletem como as pessoas têm sido atravessadas pelo isolamento social e espalhamento da Covid-19. São narrativas tecidas na diversidade de mundos, de outras linguagens, corpos e formas. O primeiro caderno, "Sobre Vírus, Livusias, Ilhas e Discos Voadores", é assinado por Márcia Nóbrega.
Sobre Vírus, Livusias, Ilhas e Discos Voadores
Márcia Nóbrega dá início à coleção Políticas da Pandemia do imuê. Nossa ideia é pensar a pandemia a partir de mundos outros, a partir de diferentes linguagens: "Estamos em plena Quaresma e a coincidência temporal e sonora entre este tempo e a quarentena tem me feito pensar um bocado. Em especial, me faz pensar se o hábito de meus amigos da ilha de caminharem junto ao que não se pode ver não lhes dá uma certa vantagem sobre nós, em nossa obsessão com um certo materialismo pobre e pouco pragmático."
I fórum imuê – A abordagem etnográfica e o desafio das composições coletivas
Com o intuito de promover discussões públicas que possam guiar conceitualmente o trabalho do instituto, o imuê realizou entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro de 2019 o “I fórum imuê – Economia, Antropologia e Feminismo”, em parceria com o Laboratório de Experimentações Etnográficas (LE-E) do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Esta publicação é fruto das discussões travadas ao longo desses dois dias em que, por meio da leitura e debate de textos em antropologia econômica e economia feminista, procuramos delimitar a base conceitual do instituto.
Elisângela Maranhão dos Santos – Mães da Saudade de Pernambuco: resistência e luta pela vida
"Com este livro, esperamos que a experiência dessas mulheres, que perpetuam a vida por meio de suas memórias, se dissemine como uma história de força e resistência. Assim como o inhame, que mata a fome de tanta gente no Nordeste. Que resiste, nascendo e renascendo sem precisar de semente. Que se espalha, brotando de cabeça em cabeça." (Santos, 2017, p. 14)